24 de dez. de 2011

Praia do Gonzaga

a imensidão preta
o céu e o mar separados
por pontinhos de luz

azuis, brancos
um cartão postal dos melhores
coberto por uma mancha de óleo

navios
desaparecem como fantasmas

estrelas
como se estivessem sob luz negra

me dando as mãos
com medo de trair
a sua melhor amiga

mas isso não acontecerá
novamente

volta aos 14 anos
com orgulho de sair
com a camisa de tigre

16 de dez. de 2011

Cine Arte Posto 4

decidi
ir ao cinema
ver aquele filme
que a gente não viu

ver se esqueço um pouco
do que aconteceu

decidi
me exercitar
correr aquele trajeto
de fim trágico
que não completamos

os dez quilometros
mais longos
da minha vida

faltava meia hora
e a gente tava com fome

e se o filme fosse mais cedo
e se as suas pernas
aguentassem mais

todas as possibilidades
levariam
para o mesmo fim?

5 de dez. de 2011

sem título

o pacote de biscoitos ainda está fechado
na mesa
de ontem à noite
no posto de gasolina

o pote de geléia está vazio
raspamos tudo, colocamos no pão
e você foi pra casa
sabia que era a última vez

te expliquei os caminhos
vire na primeira à direita
antes daquela lanchonete
de sexta-feira

o carro que eu
queria entrar
pegar a estrada
ao seu lado

o filme que eu peguei
e a gente nunca terminou
imagine um final
bonito e etéreo

nunca fiz um poema com o seu nome
nunca fiz um poema com dedicatória
esperava o momento certo
esperava a sua certeza

o pacote de biscoitos ainda está fechado

1 de dez. de 2011

que se fodessem os espanhóis

e o plantel do benfica estava com o eusébio e com o yaúca, com o costa pereira e o josé águas, com o santana, e o grandioso coluna. e foram lixar o real madrid vencendo para nós a taça dos campeões europeus e alardeando por toda a parte que quem não era do benfica não era bom pai de família. não queríamos ser franceses, queríamos que os portugueses fossem mais felizes. isso é que era, e que se fodessem os espanhóis e o general franco que era uma merda como a que aturávamos nós.

trecho de a máquina de fazer espanhóis, de valter hugo mãe

21 de nov. de 2011

Mortal Kombat

por onde anda
aquele amigo
do municipal

de nome tão comum
nenhuma rede social
vai achar

assim é bom
pois nunca o verei
gordo e careca

eleitor
de todos os meus
piores pesadelos

melhor guardado
no fundo do armário
com fitas de video game

ou com o primo distante
que sabia fazer
todos os fatalitys

9 de nov. de 2011

Estação Jabaquara

    mais algumas horas de ônibus
    setenta e dois quilometros
    do presente que quero te dar
    e o camafeu no seu pescoço
    duzentos e sessenta quilometros
    em uma semana
    sobe
    desce
    queria que durasse mais tempo para pensar mais em você
    fone de ouvido escorrega
    e ninguém ao meu lado
    (às vezes um cochilo)
    queria que durasse menos tempo para chegar logo em você
    neblina se esconde na cortina
    um braço esbarra no meu
    (essa hora há muitas janelas)
    a mochila no chão
    e sonhos na madrugada
    só você pra fazer
    eu me mover a essa hora
    o guarda acorda
    é uma hora da manhã
    e o portão vai fechar

3 de nov. de 2011

O futebol e a cidade

Foto: Ciro Hamen
dois amigos de moicano
de novo estilo voltam da praia
bola debaixo do braço
bola no fundo do gol caixote
rolar pra dentro e sair pro abraço
hoje à noite tem
no estádio na tevê
mais gols do novo rei, sabem que tem

queima os adversários com seus olés
ri da arrogância européia e mata
no peito que nem pelé
sabe que a felicidade está nesses
fins de tarde na praia
se aqui verá navios de
copenhague, shangai e hamburgo,
nova iorque, hong kong e dubai
o que fazer em madri, barcelona?

(e mais uma vez o preto e branco subverte a ordem das coisas)

27 de out. de 2011

Madrugada dos Mortos

como zumbi
passeio
pela capital
esperando
sempre esperando

o taxista
o ciclista
o motoqueiro
o hare krishna

a modelo
o banqueiro
o catador
a madame
no seu celular diz
que vai pra miami

todos passam
que nem merda
sem rumo

o que posso fazer?
a não ser observar
os zumbis que passam
e atravessam com cuidado
em cima da faixa

25 de out. de 2011

A tinta descascando

o que aconteceu
com aquela banda
que tanto amava

o que aconteceu
com os sorrisos tímidos
e os cabelos enroladinhos

com os tênios sujos
as roupas grandes
e os versinhos inocentes
(com aquele par de calças decentes)

a pele seca
a boca preta
não deixa mentir

que essas roupas novas
(e essas olheiras novas)
essa segurança
vem dos traficantes

agora ela é tão chique
(pelo menos por um instante)
e tanta química em seu esqueleto
a envelheceu

seus versos são tão confiantes
(pelo menos por um instante)
em poses sensuais
na capa do novo cd

8 de out. de 2011

O piano

com as cordas à mostra o piano
é colocado atrás da caminhonete
sem nenhum cuidado aberto
e destrambelhado

sem cauda e sem nenhuma pompa
na cauda da caminhonete
os moradores do prédio pela
janela fazem a despedida

não sabem do que sentirão mais
falta se dos sons de cada
manhã ou da plaquinha
aqui aulas de piano

5 de out. de 2011

Sexta/Domingo

sexta-feira
mais um encontro
na plataforma
do metrô

domingo
menos um fim de semana
na plataforma
da rodoviária

e no meio
aquelas horas
que aguardamos
a semana inteira

27 de set. de 2011

Camiseta edição limitada

A sua indiferença nunca se foi
como a marquinha de nascença
no seu braço
(que parecia
uma queimadura)

Cravada na sua pele
encostada no meu rosto
tentando expressar
sem explicações
tudo o que vinha do coração

O seu amor desapareceu
como a camiseta
que era minha
mas eu te dei
(ela ficava
melhor em você)

Enterrada na areia
de uma praia qualquer
que você foi visitar
com seus amigos
debaixo de uma tempestade

Obrigado
por perdê-la

Metáfora perfeita
para um amor
fracassado

21 de set. de 2011

funkotron vs terra

presentes e mais presentes
em nenhum o que eu quero
uma passagem só de ida
a outro planeta

nadando com os tubarões
afundando nesta areia
tiram tudo de dentro de mim
que guardei com tanto carinho

sombras que me perseguem
cientistas loucos que riem de mim
diabinhos me empurrando
para uma imensidão estrelada

as respostas que quero
- na boca de uma cenoura

me deixam louco

me contenho
com um copo de sundae
ou com uma jacuzzi
cheia de lindas havaianas
e limonadas

19 de set. de 2011

Dois garotos

dois garotos
no semáforo
um sobe
em cima do outro
malabarismo
em troca de trocos
me lembra
de fazer o mesmo
na cama
quando pequeno
com o meu pai
e caindo
no colchão macio
enquanto eles
se caírem
só vão beijar
o asfalto frio

12 de set. de 2011

The World at Large



"I know that starting over is not what life's about
But my thoughts were so loud I couldn't hear my mouth", Isaac Brock (Modest Mouse - The World at Large)

27 de ago. de 2011

As próprias pernas

passo
por um ônibus parado
na rodoviária
a plaquinha luminosa indica
são paulo
metrô
penso
na saudade que tenho
de tomá-lo
na verdade
muitas vezes ainda
vou tomá-lo
mas não
para encontrar
o que mais quero
nem em são paulo
nem no metrô

26 de ago. de 2011

Praticando o desapego

P. amava J. paixão que varava tardes e madrugadas
- como eram belas essas noites estreladas
naquela época seus melhores amigos eram
a música, os filmes e os livreiros
que os deixavam passar com livros roubados

P. buscava uma companheira
para ouvir seus poemas
para tirá-lo da escuridão
para dividir o pavê de cupuaçu
e tudo o que J. queria
era que ele tirasse os sapatos antes de entrar

um dia J. se foi

ela ainda tinha muitos países para visitar
projetos para terminar
uma vida inteira para viver
um giroscópio que não parava de rodar

a demanda de P. era muito grande
P. não fazia parte dos planos
J: - eu vou me distrair
P. ardia de dores na cama

J: - se abra pro mundo

eu vou ficar, ela dizia
eu vou ficar, ela prometia

um dia J. voltou

queria visitar os países com P.

P. não contaria mais histórias
joão e maria ficariam esquecidos lá atrás
P. não veria mais J. cruzar o quarto
escovar os dentes, toalha molhada
P. nunca mais viu J. E assim foi.

19 de ago. de 2011

haikai # 2

Foto: Ciro Hamen

me matam devagar -
prédios que agora só tiram
a visão do mar

15 de ago. de 2011

Ilha de Urubuqueçaba

repudio
a sua
autossuficiência
repudia
em mim
alguma coisa
estática
sempre
cercada
de nada
por todos os lados
admiro
a sua
independência
admira
em mim
a intensidade
um momento
a sós
tão difícil
em terra firme
buscando
o que
não pode dar
à distância

10 de ago. de 2011

Santos-São Paulo

Mais uma vez na estrada.
Eu vejo os faróis desaparecem na chuva.
Eu vejo o reflexo do túnel no asfalto.
Eu quero saber o que é isso que me dá
Sempre que deixo para trás o meu amor
Eu quero saber qual é a minha casa
Que eu já nem sei mais.
Será que é onde você está
Comigo?
Subindo ou descendo a serra.

2 de ago. de 2011

O Amaciante

de propósito
esquecia a roupa
na sua casa
estrategicamente
embaixo
da cama
jogada
pelo sofá
e tudo isso
só para
a sua empregada
lavar
e você invadir
o nariz
quando não
estiver

1 de ago. de 2011

Metrô Santa Cruz

um pedido
uma chamada
as últimas economias se vão
alguém masca um chiclete
cospe
engole
esconde dentro da mão
ele vai
7 min e 35 seg até chegar
nada para quem já esperou 136h ou mais
o cabelo está com cheiro de cigarro
da noite anterior
quem se importa?
fidelidade, um filho que não vai se rebelar
não há mapa astral que diga essa verdade
só mesmo a vida
em larga escala
debaixo da terra
de frente pro trânsito

26 de jul. de 2011

(Muito frio para) nadar - parte 2

vem pra praia
mas sabe que não é
pra sempre
o que pra você
é só colônia de férias
agora é minha casa
a hora não é certa - pra você
a hora é de buscar
a felicidade
em outras praias

19 de jul. de 2011

Noites de Yo La Tengo

água, pão, queijo quente
o rato ainda está vivo lá fora
quem se importa?
amasso e beijo, beijo, beijo quente aqui dentro

ontem ela falou que se arrependeu
se arrependeu de não ter ficado mais
e eu me arrependi
me arrependi de não insistir

colchão velho e pernilongos
noites ouvindo yo la tengo
baixinho pra não acordar ninguém

- você gosta do meu travesseiro?
um ventilador pra ventilar
dois metros por três

sem janela
às vezes a porta aberta
uma da manhã novamente

a lua do final de agosto
ilumina o quarto
e dormindo como um anjo
eu posso ver
- você

13 de jul. de 2011

11 de jul. de 2011

Uma versão poética de algo que não deu certo

Dessa vez desço a serra para não voltar mais.
Enterro os meus pés na areia e me lavo nessa água preta (que os babacas costumam chamar de petróleo).
Preta desde sempre. Preta desde que nasci.
Tão preta que já encantou muitos Severinos com os seus reflexos.
Luzes de navios que passam indiferentes aos meus pés enterrados
ou ao meu banho.

Mas essa noite a música que vem de lá é diferente.
Como um teclado mal plugado.
Como se o iPod estivesse molhado.
Como se todos os discos que eu toquei pra você no meu quarto estivessem riscados.
A Maré vem. A Maré vai.
É a única música que consegue dar um pouco de paz ao meu coração aflito.

Dessa vez desço a serra para não voltar mais.
E por entre placas, asfalto e algumas folhas e vinhas
eu consigo ver as luzes da ilha sorrindo para mim.
Como mulher traída que celebra o retorno do marido
Louca para se jogar em seus braços
enfiar-lhe a boca, cravar-lhe as unhas.

E tudo passa tão depressa.

Da janela eu já vejo
containers, caminhões e armazéns,
estou a quilometros da sua casa
mas o seu cheiro continua impregnado em meus dedos.
Como algo bom que nunca vai.
Como o sal na nossa pele, depois de um dia no mar.

E assim você me deixou, sem lugar para ir, exceto para casa.

5 de jul. de 2011

Cidade vertical

Não tem terremoto. São só dois pedaços de concreto entrando em choque.
Levantando poeira, levantando a cidade.

A linha do horizonte quase não existe mais.
Agora são só retas verticais.
Levantando concreto, levantando ferragens.

O pavimento interditado. Já é comum.
Lugar para pisar quase não existe mais.
As calçadas se comem. Como animais.

O campinho de futebol agora é shopping center.
Da janela o que era um grande visual agora é uma torre sem rumo.
Desenhos grotescos que pintam o céu de qualquer maneira.

Habitações não tão mais retilíneas.
Os prédios tremem.
De medo ou por falta de chão?

E se a cidade não tem mais para onde crescer.
Não sei onde eu vou parar.

30 de jun. de 2011

O cheiro das calçadas lavadas

Os adultos ainda estão lá
As crianças ainda estão lá
Alguns velhos amigos passam e não me reconhecem
Ou pensam que eu não os reconheço

Alguns já se mudaram, outros ainda estão lá
Me pergunto o que estarão fazendo
Se a vida ainda é a mesma
Se os vizinhos ainda são os mesmos

Não há mais tanto jogo de bola na rua como antigamente
mas o cheiro das calçadas lavadas ainda é o mesmo

Os skatistas ainda estão lá
Os ladrões ainda estão lá
As ruas do Jaú e BNH continuam as mesmas
O sol sempre batendo nas poças
lavando ou sem lavar

28 de jun. de 2011

O maior time da Terra

Para todos os santistas

Foi difícil. Assim como tudo que é muito bom tem que ser. Ao apito final do jogo entre Santos e Peñarol, do dia 22 de junho de 2011, a torcida do Peixe pôde finalmente comemorar aquilo que não comemorava há 48 anos, o título da Copa Libertadores da América. No Pacaembu, as pessoas ao meu redor choravam, sorriam, se abraçavam e logo depois estavam todas atônitas. Pareciam não acreditar no que tinha acabado de acontecer. Tudo bem que já estamos acostumados a grandes conquistas e nos últimos 10 anos comemoramos mais títulos do que a maioria dos clubes brasileiros. Mas a copa sul-americana é diferente. É um título que não vinha desde os tempos em que Pelé jogava.

Foi difícil para os torcedores. Acreditamos e sofremos a cada jogo. Perdemos a final para o Boca Juniors de forma lamentável em 2003, mas dessa vez o time era melhor e (por incrível que pareça) mais maduro e preparado. Esse ano estávamos confiantes por vários motivos. O Santos foi a grande sensação de 2010, trazendo uma geração de jogadores que só mesmo o próprio Santos teve igual (com Pelé, Coutinho e Pepe), na década de 60. Mais motivos: Temos o melhor jogador do mundo na atualidade – Neymar – e um técnico vencedor – Muricy Ramalho – que ainda não tinha esse campeonato em seu currículo. Também no elenco estavam vários jogadores que tinham deixado escapar o título em outras oportunidades: Elano e Léo (pelo Santos), Arouca (pelo Fluminense) e Durval (pelo Atlético-PR).

Lembro onde estava em cada partida da maravilhosa campanha do Santos. Estava no Chile, no estádio Monumental, na única derrota do Santos na competição, para o Colo-Colo, e não pude ir à Vila Belmiro no jogo de volta. Por motivos pessoais estava em São Paulo, assistindo em um bar - cuja principal atração era o “importantíssimo” jogo entre São Paulo e Santa Cruz pela Copa do Brasil. A vitória santista com direito à máscara de Neymar, expulsões e sufoco por precisar dos 3 pontos a qualquer custo, só foi vista por mim depois que pedi para o garçom sintonizar no jogo, na tevê ligada em frente à minha mesa (depois fui acompanhado por outro santista fanático e seu grupo de amigos).

Lembro dos sustos que foram as primeiras partidas. Um empate contra o Deportivo Táchira na Venezuela – assistido no Quitandinha, em São Paulo, com uma multidão de alvinegros desapontados, esperando show do Santástico logo na estreia. E outro empate contra o Cerro Porteño, dessa vez na Vila Belmiro – assistido na casa de um velho amigo, companheiro de cachaças ao longo de grande parte dessa Libertadores. Foi dureza. Estávamos quase eliminados e parecia que a única vez que tínhamos a oportunidade real de vencer esse campeonato – e jogando como Santos, ou seja, dando show e fazendo o futebol arte – iria por água abaixo.

Tudo mudou com a vinda de Muricy. Aquele Santos que dava espetáculo e vencia de 8, 9 e até 10 gols no ano passado amadurecia. Precisava se fechar. Um time que faz tantos gols está sempre jogando aberto (e consequentemente está vulnerável). O novo técnico conseguiu isso. E o Santos das goleadas de dois dígitos, como aquele dos anos 60, agora ganhava de meio a zero. E estava bom. Nas oitavas ganhamos do América do México de 1 a 0 e seguramos o 0 a 0 no jogo de volta (graças ao santo goleiro Rafael). Nas quartas aconteceu o mesmo contra o Once Caldas, da Colômbia. 1 a 0. 1 a 1. Vale lembrar que esses dois times foram “carrascos” do Santos em outras edições da Libertadores dessa década, nos eliminando em 2008 e 2004.

Inesquecível também foi a rodada das oitavas de final em que todos os times brasileiros da competição – exceto o Santos, lógico – foram inexplicavelmente eliminados. Internacional, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro (que muitos davam como favorito) deram adeus, deixando o alvinegro praiano como único representante do nosso país na Libertadores.

Para melhorar a situação, o avanço do Santos na competição coincidiu com as gravações de um curta-metragem que estou fazendo sobre o Peixe, algo que me deu a oportunidade de fazer novos amigos (que deixaram de ser apenas simples entrevistados) por conta de nossa paixão em comum. Assistimos juntos aos jogos finais, trocamos ideias sobre o que era ser criança e torcer para o Santos nos anos 90, época de muito sofrimento futebolístico. Vimos Pelé Eterno depois do jogo contra o Cerro Porteño, que nos classificou para a finalíssima. Já imaginávamos que estávamos prestes a comemorar aquele título que antes só tínhamos em preto-e-branco nos vídeos. A história estava, mais uma vez, sendo escrita na nossa frente

- Imagina, nós vamos ver isso agora!

O nosso novo Pelé atende pelo nome de Neymar. Um ídolo de moicano, que não perdoa os adversários. Moleque que ama o Santos e bateu no peito dizendo que ficava no nosso time depois de receber proposta “irrecusável” do Chelsea da Inglaterra. Homem de personalidade e atual melhor do mundo, falta apenas a FIFA reconhecer, façanha que pretende conquistar jogando no Brasil. Esculacha dentro e fora de campo.

Tudo conspirou à favor da beleza desse título. Até porque nada no Santos é meia-boca. Tudo é histórico. O adversário da final seria o Peñarol, mesmo time que vencemos em 1962 para a primeira conquista da América.

Depois de ter chorado tanto com times sofríveis, vimos o Santos voltar a ser o gigante que sempre foi com a conquista do Brasileiro de 2002 e muitas outras que vieram depois. Como disse um amigo, uma geração inteira foi vingada na quarta-feira, 22/06/2011.

Durante muitos anos nossas maiores alegrias eram ver o Santos golear o Corinthians com aqueles gols sensacionais do Guga, ver o Giovanni destruir em campo e ver um título de Rio-São Paulo (97) em cima do Flamengo e um de Copa Conmebol (98) em cima do Rosario Central.

Tudo isso acabou naquele jogo diante de um Pacaembu lotado. Nunca mais seremos chamados de “viúvas de Pelé”. Sempre seremos o único time que parou uma guerra. O maior time da terra.

E o Peñarol? Vencemos mais uma vez. Foi difícil. Mas foi na bola.

Obrigado, Santos. Eu te amo.