22 de mai. de 2012

A menina de orelha suja


primeira manhã
de frio entrando
pelas frestas da porta
de um quarto improvisado

manhã de agosto
você envia uma mensagem
por celular cheia de abreviação
(me arrependi de ter ido embora hoje)

na bagunça da escrivaninha improvisada
credencial com seu nome
de sobrenome italiano
e nome de estado americano

o perfume do cabelo
no travesseiro
e marca dos pés
que quase saiam pra fora do colchão
o que sobrou da
primeira noite
de segredo
(acordei agora, você já foi?)

tudo isso pra depois fingir
ser alguém que não sou
tentar de toda maneira prender
alguém que não posso prender
alguém que não podia prender
o maior desperdício da história

e já estava quase 100%
nos caminhos e atalhos
com você
por exemplo
chegar perto da orelha
nem pensar
tudo por culpa do pai e da menina de orelha suja
e claro
a violência dos cotonetes

Um comentário:

  1. Que lindo, gosto da reserva que é usada em relação a menina, acho dor, é bonito.

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